O Barroco em Mangualde

17-12-2008 12:36

No passado dia 29 de Outubro, os alunos da disciplina de História e Cultura das Artes das turmas D, do 11º ano, e C do 12º ano, acompanhados pelo professor da disciplina, José Sidónio, realizaram uma visita de estudo a alguns dos mais importantes edifícios do período barroco de Mangualde.

O primeiro edifício a visitar foi o Palácio Condes de Anadia, uma obra do século XVIII, mandada construir pela família Pais do Amaral. Este solar apresenta características do barroco e rococó, e teve como arquitecto Gaspar Ferreira. O edifício apresenta quatro fachadas, todas diferentes, destacando-se a voltada a poente, que apresenta um notável equilíbrio e formosura na constituição de corpos gémeos separados por pilastras que envolvem um lindo pórtico sobrepujado pelo varandim do andar nobre povoado com elegante friso de janelas. Mas a fachada sul é talvez a mais bonita, intimista e poética. Uma original escadaria dá acesso ao terraço reservado e abalaustrado de uma elegante loggia que prolonga o “salão de Baile” do andar superior. O interior desta mansão é magnífico, destacando-se a dupla escadaria semi-circular que dá acesso ao primeiro piso, revestida com excelente azulejaria produzida nas oficinas de Coimbra, em 1740; o salão nobre com azulejos de 1740 e o salão de baile com painéis de azulejo de 1770, que apresentam cenas do Mundo às Avessas, entre as quais “a filha a dar a papa à mãe”, a “aluna a dar açoites na professora”, entre outras. No interior do palácio, destaca-se também o ímpar mobiliário e a colecção de pintura e de gravuras.

A capela de S. Bernardo anexa ao Palácio, na face norte vinda do século XVII, sofreu alterações nos séculos seguintes, conservando hoje o seu retábulo primitivo.

Depois do palácio, a visita continuou na Igreja da Misericórdia, construída entre 1720 e 1764, segundo o risco do mesmo arquitecto do palácio, Gaspar Ferreira. A igreja e sacristia, casa do Despacho e torre constituem um todo harmonioso onde ressalta a originalidade da varanda aberta sobre um pátio, dando ares da residência fidalga a tal conjunto. A igreja, voltada a nascente, apresenta uma fachada de grande equilíbrio. A serenidade das linhas clássicas do corpo da fachada combina com a linha sinuosa do frontão, com o ritmo das aletas do janelão e os tímpanos emoldurados dos nichos de S. Cosme e S. Damião que ladeiam o portal datado de 1724. O interior da igreja é de uma extraordinária beleza, com revestimentos azulejares do tipo painel narrativo e brutesco, a azul e branco; pintura perspectivada na falsa abóbada de berço abatida, de madeira; púlpito e retábulos laterais, de talha dourada da segunda fase do estilo nacional. A capela-mor assume especial destaque devido ao seu magnífico retábulo joanino, provavelmente o mais artístico da diocese de Viseu, de autoria de Luis Pereira da Costa, que fez também o tecto apainelado, de quinze caixotões pintados com cenas da vida da Virgem e de Cristo.

A visita de estudo permitiu, ainda, ver outros edifícios do século XVIII no seu exterior, como a Casa de D. Teresa, a Casa do Rebelo (Câmara Municipal), Casa de Mangualde e Casa dos Condes de Mangualde.

 

Prof. José Sidónio e alunos do 11ºD e 12º C

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