Afinal, o que somos?

18-05-2009 11:38

Argumentar sobre algo deste tipo é argumentar sobre a capacidade humana de alguém que não possui escrúpulos, de alguém que, de todo, não merece viver no mesmo mundo que seres humanos suficientemente racionais.

No meu ponto de vista, não existe um castigo, não existe uma pena, não existe nada suficientemente forte e doloroso para alguém que deixou na vida da própria filha inúmeras marcas que a perseguirão para todo o sempre. Trata-se de mais do que um trauma, é um golpe profundo do que, sinceramente, acredito que nenhum de nós saiba o quanto pode magoar.

Defendo duas teses, pois em ambas vejo prós e contras.

Primeiramente, a prisão perpétua. Talvez o resto da vida passado num cubículo, onde até ele mesmo se esquecesse do que é ver o sol, fosse um bom castigo. Mas, afinal, tratar-se-ia apenas de um pouco daquilo que fez com Elisabeth. Compreendamos que a prisão se compara com uma casa. De facto, não deve ser de todo um local agradável, mas para quem cometeu um crime desta dimensão, não era sítio de que se pudesse queixar. Comida, roupa, saúde e um tecto. O essencial, afinal!

Esperar pela morte atrás das grades é tão pouco, comparativamente com o que este fez alguém passar!...

Seguidamente, a pena de morte. Talvez a melhor solução, o melhor castigo. Mas, convenhamos, matar?! Apenas matar?! Depois da morte, tudo se acabará para este indivíduo. E, afinal, naquela cabeça que se divide entre o morrer e o viver atrás das grades para sempre e sem ninguém, não sei se não preferiria morrer.

É certo que matar é crime. Desta forma, a pena de morte torna-se a paga de um crime, sobreposta por outro crime. Mas, assim, torna-se tudo muito relativo.

Não! Não podemos ser brandos com alguém que impedira a própria filha de viver, não só durante os 24 anos em que se encontrou sequestrada e violada, como também actualmente, quando, imagino que se depare com o trauma a correr-lhe nas veias.

Que justiça neste caso? Não existe.

É vergonhoso como, ao longo do tempo, nos podemos aperceber da espécie a que pertencemos. De uma raça com uma capacidade enorme de fazer sofrer os que a rodeiam. Até mesmo os próprios filhos?! Como? Com que dignidade se apresenta alguém que desrespeitou todos os direitos do ser humano perante uma sociedade?! Como nos podem exigir respeito quando existem pessoas que nunca respeitaram o Homem?!

 É triste e, ao mesmo tempo, é como um alimento que nos faz crescer e aperceber do mundo que está à nossa volta.

Quantas e quantas pessoas ainda serão obrigadas a escrever cartas de despedida, a habituarem-se às condições mínimas (não básicas), e a viver, durante 20 ou 30 anos, aguardando por um enfarte, ou por algo que finalmente as faça ir parar ao hospital, e esperar… esperar por um bom médico, com ar de amigo, que lhes pergunte o que se passa, e que, daí, venha a chocar o mundo?

 

Joana Beja, 9ºA, nº 12

(Texto argumentativo elaborado na disciplina de Estudo Acompanhado sobre o tema “Que pena aplicar ao austríaco Josef Fritzl?”)

Voltar