O Estranho Caso de Benjamin Button

O Estranho Caso de Benjamin Button

 O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button) é uma adaptação do clássico conto da década de 1920 escrito por F. Scott Fitzgerald, sobre a história de um homem que nasce com aparência de oitenta anos e vai rejuvenescendo.

Tudo começa em New Orleans a partir do fim da I Guerra Mundial, em 1918, até ao século XXI, que dá sequência para sua jornada extremamente incomum. Com dezoito anos, Benjamin Button era como um homem de cinquenta, aos setenta, fazia peraltices como um garoto de dez anos de idade.

Dirigido por David Fincher, é belissimamente representado por Brad Pitt, Cate Blanchett, Tilda Swinton, Taraji P. Henson, Jason Flemyng, Elias Koteas e Julia Ormond.

A efemeridade da vida não é possível de reverter... somos vítimas do tempo, qual Cronos mitológico que devorava os seus próprios filhos para impedir que estes o destronassem. Mas, por que razão damos por nós, tantas vezes, a desejar que o tempo voltasse para trás? Seríamos nós mais felizes caso pudéssemos parar o tempo, ou , quiçá, o impedíssemos de avançar nesta inelutável e fugidia passagem? Por momentos, aqueles em que nos sentimos autênticas marionetas ou joguetes do Fatum, talvez gostássemos de actuar sobre o tempo, mas, ao percebermos a dimensão a que essa possibilidade nos levaria, então, decididamente, dizemos "Não, obrigado!". 

Através da ficção, em que tudo é possível, somos convidados a imaginar o nosso ciclo de vida numa direcção inversa à dos ponteiros do relógio... e o momento da nossa chegada ao mundo é, simultaneamente, o exacto momento em que teríamos de o deixar! Confusos, num labirinto de acontecimentos que ocorrem com se a câmara de vídeo filmasse de trás para a frente, acordamos para a dura realidade da vida: a perenidade e fragilidade do ser humano face ao desumano Cronos (leia-se "Tempo")! Apenas durante alguns anos, podemos viver em plenitude a nossa existência, mas se o tempo voltasse para trás, teríamos exactamente as mesmas oportunidades. O ciclo da vida (pelo facto de ser cíclico) começa e acaba sempre no mesmo ponto: o momento em que abrimos ou fechamos os olhos (dependendo da orientação dos ponteiros do relógio). 

É estranho conseguirmos ver o Brad Pitt na aparência de um velho decrépito que, de dia para dia, aprende a viver como se de uma criança se tratasse! Por muito que pensemos que se trata do mundo da imaginação, não conseguimos abstrair-nos da realidade que está perante os nossos olhos e a nossa inquietação existencial. Afinal, nós somos nós e a nossa circunstância (já dizia Ortega y Gasset).

Se Benjamin Button pôde viver num mundo feito às avessas, então, por que não impedir que o malogrado tempo nos condene a uma existência gradualmente entristecida pela passagem dos segundos, dos minutos, das horas, dos dias, das noites, dos meses, dos anos?... 

Vale a pena pensar nisso!

Vilma Silvestre

 Trailer do filme: