A Saga de Harry Potter

A Saga de Harry Potter

Esta é, sem dúvida, uma das criações literárias mais polémicas da actualidade.

Alvo de críticas simultaneamente positivas e mordazes, a saga “Harry Potter” não deixa, por isso, de ter milhares de seguidores que acompanham acerrimamente as aventuras e desventuras deste rapaz “benzido” por uma cicatriz na testa, parágrafo de todo o enredo.

Contudo, para esta leitora, mais do que um épico absolutamente mágico, o “Harry Potter” é uma ode aos valores morais e éticos, é a tradução literária dos princípios de igualdade e respeito pelo próximo, uma história de amizade, vontade e esperança.

“Harry Potter e a Pedra Filosofal”, o primeiro rascunhos de sete, foi mesmo redigido em Portugal – podemos até detectar certas influências como, por exemplo, na personagem de Salazar Slytherin, um opressor, à semelhança do ditador português seu homónimo, Oliveira Salazar.

Não é apenas aqui que se sente o apelo aos valores democráticos, mas ao longo de todo o romance. Em linhas gerais, com a ajuda dos companheiros de bom íntimo, Potter trava uma batalha contra o génio maquiavélico do Quem-Nós-Sabemos, que está disposto perpetrar um genocídio contra todos os membros da comunidade mágica cujas linhagens não respeitem a pureza de sangue que muitos feiticeiros preconizam. Assim, todos aqueles que não estivessem unicamente vinculados a famílias de sangue mágico, não eram considerados dignos – os Sangues-de-Lama.

Na minha perspectiva muito singular, este foco central de desenvolvimento não é mais do que uma alegoria ao Holocausto Nazi, um expediente utilizado por J. K. Rowling para eufemizar os anos de terror experienciados no mundo verdadeiro, por pessoas reais, e assim combater a discriminação e o preconceito, incutindo de forma subtil os princípios de respeito pelos Direitos do Homem.

E dos Direitos do Homem, somos imediatamente remetidos para o título do último volume: “Harry Potter e os Talismãs da Morte”. Quais talismãs? - pergunta o espectador .

Os talismãs são três: a Varinha de Sabugueiro, o Manto da Invisibilidade e o anel, cujos signos se conjugam engenhosamente numa composição semelhante à da figura maçónica presente à Declaração dos Direitos do Homem, onde artisticamente se reúnem uma varinha e um triângulo com o Olho que tudo vê inserido no centro, os elementos simbólicos dos talismãs que Harry e os amigos usarão para combater o mal.

Contudo, esta não deixa de ser a minha singela interpretação pessoal.

Muitos dirão, certamente, que o Harry Potter não ultrapassa os contornos de mera ficção, perniciosa para os jovens que, ingénuos, nada aprendem com a descrição utópica de uma dimensão mágica.

Contra factos, porém, não há argumentos, e a verdade e que a autora não só provocou o tumulto e a discórdia no seio clerical, como conseguiu, com apenas sete obras até ao momento, alcançar uma fortuna que supera a da monarca do próprio país!

  

Inês Gama.

12º E